quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Do Livro Mulheres Incríveis: Maria do Carmo



Maria do Carmo (in memoriam)

Meu nome é Maria do Carmo Vicente de Paula, eu tenho 98 anos. Faço aniversário dia dez de agosto. Nasci na Cachoeira do Rio Grande, fica Perto de Santa Maria Madalena, não lembro onde meus pais nasceram não. Na minha infância, eu trabalhava na roça, plantava milho, plantava feijão, plantava arroz, plantava tudo e colhia tudo também. Eu gostava de trabalhar. Eu trabalhei até 10 anos. Minha mãe ficou assim, a gente era muito arteiro, e ela ficava um bocado aborrecida. Batia na gente e a gente chorava. Daí a pouco, a gente conversava com ela e ela conversava com a gente e também não podia ficar de mal com minha mãe, não podia de jeito nenhum E ela dizia: “Umas crianças levadas, mas eu tenho consideração com minhas filhas, porque elas são trabalhadeiras, são amorosas”. Fui uma vez, numa escola pertinho de casa, mas eu dormia, porque eu trabalhava muito e dormia. A professora mandava eu fazer os trabalhos e eu cochilava, eu não fazia nada, só dormia. Ela foi lá em casa e falou com mamãe: “Dona Olímpia, assim suas filhas não vão aprender nada. Elas dormem só. Não fazem nada, não fazem trabalho nenhum”. Aí, mamãe me tirou da escola. A
escola era pertinho de casa. Eu não soube aproveitar, não. Se eu soubesse aproveitar, eu ficava na escola e deixava a roça. Mas eu não queria deixar o milho morrer no mato. Feijão, arroz, tudo plantado, aí ficava ruim pra eu deixar. Aí, o patrão da gente lá de casa disse assim: “A Olímpia tem uma filha que trabalha, faz todo serviço. Ela só faz a roça da Olímpia toda, é muito trabalhadeira”. Aí, eu gostava mais de trabalhar. Quando eu fiz 10 anos, fiquei em casa mesmo com mamãe. Eu vim pro Rio de Janeiro já estava com 20 anos. Eu vim trabalhar na casa de patroa. Tinha uma agência de escolher empregada, aí eu fui pra essa agência. E lá, a moça falou: “Eu vou ficar com essa crioulinha aqui que é muito engraçadinha. Você vai ficar comigo, você quer ficar comigo?”. Aí, fui pra casa dela, trabalhar pra ela. Eu morava lá na casa, ela me tratava bem e me pagava.  [...]


Leia essa e outras histórias no livro Mulheres Incríveis 3ª ed. – Editora Nandyala, autora: Elaine Marcelina

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