quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Da Série Mulheres Incríveis: Mãe Arlene de Katende







Mãe Arlene de Katende

Em 1975, eu estava recém-iniciada. Tinha apenas 3 anos de iniciação e pensava em mudanças para nossa cultura. Porque, quando eu entrei pro Candomblé, tinha vindo da Igreja Católica. Cheguei a ser noviça, ia ser freira e saí da Igreja Católica não por vontade, mas, até acredito, por uma escolha dos meus Orixás, dos meus inkices, por essa nova realidade com amor e carinho. Estou dentro dela há praticamente trinta e seis anos. Vou fazer os trinta e seis anos de iniciação no dia vinte e sete de outubro. Sinto-me muito feliz por estar contribuindo para o crescimento e evolução da minha cultura. Sinto-me em dívida com minha religião, por não ter começado antes, e por ter ficado tantos anos desenvolvendo essa ideia. Antes de 1975, em 1972, quando iniciei, eu já pensava em fazer alguma coisa social e politicamente falando. Via as dificuldades, quando via a discriminação, porque sempre existiu a desigualdade. Todo esse comprometimento que temos com a nossa causa, a guerra e a luta, eu devia ter começado antes, mas por ter me casado cedo, ter tido filhos, acabei me envolvendo mais com a família e deixando de lado esta vontade. Só agora, em 2002, com a fundação da minha ONG, o CISIN e do Afoxé Maxambomba, eu retornei às atividades de luta, militância, em prol da minha cultura. Não só por ser mulher, mas pelo gênero, tive muitas dificuldades. Infelizmente, é uma luta muito grande, encontrei muito preconceito, até por eu ser branca e estar militando numa cultura Afro. Uma cultura só de negros, que eles consideram ser só deles, que na realidade eu sempre falo, eu fui uma escolhida pelo meu inkice e, com certeza, quando ele me escolheu, ele sabia o que estava fazendo. Minha Mãe de Santo, Mãe Eleci, que, em 1972, ajudou na minha iniciação, e na época, eu fui iniciada por mãe Dileui, comentou assim: “Dileui, esta menina vai levantar esta bandeira e ninguém acreditou, porque esta menina vai levantar o nome da Gomeia”, e hoje eu tenho certeza disso, porque eu bato pé e enfrento todas as lutas. Estou aí, nas guerras. [...]

Leia essa e outras histórias no livro Mulheres Incríveis 3ª ed. – Editora Nandyala, autora: Elaine Marcelina







Nenhum comentário:

Receita da felicidade

RECEITA DA FELICIDADE Ingredientes: 100 gramas de alegria 150 gramas de amor puro 500 gramas de bom humor 200 gramas de energia ...