quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Do livro Mulheres Incríveis: Clelia da Paixão





Clélia da Paixão (in memoriam)

Meu nome é Clélia da Paixão, eu tenho 66 anos e nasci em Salvador, Bahia. Minha mãe nasceu em Nazaré das Farinhas e meu pai eu não lembro. Meus avós eu também não lembro. Eu só me lembro da avó materna, que era Rita Maria da Conceição, e o nome dos outros avós eu não lembro. Essa minha avó foi escrava. Do meu avô por parte de pai, minha mãe disse... Ele fazia transporte de coisas da África para o Brasil, mas eu não lembro o nome dele. Eu vim para o Rio de Janeiro com uns 7 anos, 6 pra 7 anos. Nós viemos para o Rio, porque a vida não era boa lá, né?! Muita dificuldade para emprego. Então, meu pai achou que, aqui no Rio, seria melhor e tinha pessoas do nosso relacionamento que tinham vindo pra cá. Então, ele acompanhou essas pessoas.
Na Bahia, minha infância era ótima. Casa boa, casa com quintal à vontade. Tinha muita liberdade. Aqui no Rio, morei pouco tempo em Duque de Caxias. Depois, meu pai morreu um ano depois que nós viemos pra cá. Ele morreu em 1946. Daí, nós viemos pra cidade porque minha mãe precisava trabalhar e foi trabalhar em casa de família, porque era dona de casa, não tinha
nenhuma profissão formal e essa pessoa com quem ela foi trabalhar internou a gente numa escola aqui no Rio. Não deu certo. Aí, me mandou pra Campos do Jordão porque meu pai havia morrido com tuberculose pulmonar. Então, nós fomos pra um preventório que era pra filho de tuberculosos e a outra minha irmã mais velha foi para Petrópolis, pra um lugar semelhante. Eu lembro que, quando eu cheguei ao Rio, ainda tinham muitas casas. Tinham muitas casas na Presidente Vargas, eram casas, casas baixas. Tinham muitos armazéns onde faziam compras, tipo, hoje em dia, a Casa Pedro. Comprava tudo a varejo, embrulhava, fazia um pacote, a gente levava pra casa e o sistema era esse. O transporte era bonde, bonde pra Penha, pra Jacarepaguá, bonde para Zona Sul. O transporte ainda era esse e tinha ônibus
também, que transportava o pessoal e, mais tarde, a lotação. O pessoal chamava de lotação, que tinha uma possibilidade pequena de transporte de passageiro. Não transportava ninguém em pé. [...]


Leia essa e outras histórias no livro Mulheres Incríveis 3ª ed. – Editora Nandyala, autora: Elaine Marcelina


2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia! Meu nome é Ana Paula e sou sobrinha da tia Clélia. Já algum tempo temos procurado por ela, perguntado por ela para alguns parentes e ninguém sabe, fui sem pretensões procurar no Google e acabei achando seu blog e a foto da minha tia dizendo in memória. Vc pode me dizer o que aconteceu? Não estamos sabendo de nada, estou querendo dar um pulinho aonde ela mora para vê se tem alguém lá . Muito obrigada desde já!

mulheresincriveis disse...

Boa tarde, me desculpe a demora em responder, a nossa querida Clelia faleceu a cerca de dois anos, desculpe dar essa notícia por aqui. segue meu tel. (21)9702-70198.

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RECEITA DA FELICIDADE Ingredientes: 100 gramas de alegria 150 gramas de amor puro 500 gramas de bom humor 200 gramas de energia ...