terça-feira, 18 de outubro de 2016

Da Série Reflexão: "O INTERVALO"



O INTERVALO

            Esta palavra me veio meio que sem querer, no meio de uma conversa, sobre a vida, sabe? E de repente brincavamos com o cabelo, ou melhor, a falta dele em um amigo e ele me disse, "como pode? Nascemos carecas e morremos carecas”, eu ri e continuei verdade e o pior banguelas também, e fui mudando o rumo da prosa, minha filha me disse assim certa vez: "mãe porque agente nasce, se vamos morrer?" Não tive resposta para ela e meu amigo disse: "é e o pior é como vivemos" e completei, nascemos e morremos, só nos sobra o intervalo e o que fazemos dele, uns vivem muito, outros pouco. Foi quando ele disse: "e alguns sofrem tanto, hoje mesmo ajudei um cadeirante a subir a passarela e fiquei pensando, que vida? E o pior é que não temos estrutura nenhuma, o governo não da estrutura para estas pessoas" e encerramos a conversa, mas fiquei com aquela palavra me martelando, intervalo, intervalo, intervalo, intervalo. 
                  Resolvi falar do que tenho feito no meu intervalo e levantar uma reflexão sobre o intervalo de cada um, enfim o que estou chamando de intervalo é nossa vida, e o que fazemos dela, com que qualidade a estamos vivendo? Como cuidamos ou pensamos nosso dia a dia e isso me trouxe a estas linhas, a inquietação, a reflexão, pois acabei de completar quatro décadas e há muito estava querendo escrever sobre estas décadas, como foram, e claro a pergunta que não quer calar, quantas décadas terei ainda neste intervalo? Serão de fato décadas? Ou meses? Dias? Horas? Minutos? Segundos, ufa!!! Mórbido? Não, o comum, pois depois que nascemos só temos certeza de que vamos morrer e a morte nos faz congelar, porque ninguém quer morrer, queremos estender o intervalo por uma eternidade, se tivéssemos uma varinha de condão, há se tivéssemos!
               Dia desses comecei a refletir sobre as pequenas coisas da vida, pois em dado momento queremos ser grandes e aí meus queridos, fazemos do intervalo, uma loucura, pois o tempo é curto, para nossos anseios, e aí de repente a vida te da uma parada, uma freada, você começa a pensar, será que tudo isso vale a pena, ou melhor, o que vale a pena de fato durante este intervalo? Questões e questões, eu sei, mas penso nisso todos os dias e nos últimos decidi que quero ainda durante o meu intervalo muitas coisas, tenho sonhos e vou em busca deles, sendo que para isso não será preciso abrir mão das coisas simples, como admirar o nascer do sol, ou o por do sol, a chuva caindo lá fora e escorrendo no vidro da janela, ouvir os pássaros, nos ouvir, nos escutar, querer dar a mão ao outro e seguir em frente, o sorriso do filho, há muitas coisas que nos farão ficar leve durante este intervalo e não levá-lo tão duramente, tão pesado, sei que terão dias penosos, mas iremos aguentar se tivermos paciência, amor e sabedoria durante nossa trajetória neste intervalo.

Elaine Marcelina
Rio, 11/10/2013
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