Clélia
da Paixão (in memoriam)
Meu
nome é Clélia da Paixão, eu tenho 66 anos e nasci em Salvador, Bahia. Minha mãe
nasceu em Nazaré das Farinhas e meu pai eu não lembro. Meus avós eu também não
lembro. Eu só me lembro da avó materna, que era Rita Maria da Conceição, e o nome
dos outros avós eu não lembro. Essa minha avó foi escrava. Do meu avô por parte
de pai, minha mãe disse... Ele fazia transporte de coisas da África para o
Brasil, mas eu não lembro o nome dele. Eu
vim para o Rio de Janeiro com uns 7 anos, 6 pra 7 anos. Nós viemos para o Rio, porque a vida não era boa lá, né?! Muita dificuldade para emprego. Então, meu
pai achou que, aqui no Rio, seria
melhor e tinha pessoas do nosso relacionamento que tinham vindo pra cá. Então, ele acompanhou essas pessoas.
Na
Bahia, minha infância era ótima. Casa boa, casa com quintal à vontade. Tinha
muita liberdade. Aqui no Rio, morei pouco tempo em Duque de Caxias. Depois, meu pai morreu um ano depois que nós viemos pra cá. Ele
morreu em 1946. Daí, nós viemos pra
cidade porque minha mãe precisava trabalhar e foi trabalhar em casa de família, porque era dona de casa, não tinha
nenhuma profissão formal e essa pessoa
com quem ela foi trabalhar internou a gente numa escola aqui no Rio. Não deu
certo. Aí, me mandou pra Campos do Jordão porque meu pai havia morrido com
tuberculose pulmonar. Então, nós fomos pra um preventório que era pra filho de
tuberculosos e a outra minha irmã mais velha foi para Petrópolis, pra um lugar
semelhante. Eu lembro que, quando eu
cheguei ao Rio, ainda tinham muitas casas. Tinham muitas casas na Presidente
Vargas, eram casas, casas baixas. Tinham muitos armazéns onde faziam compras,
tipo, hoje em dia, a Casa Pedro. Comprava tudo a varejo, embrulhava, fazia um
pacote, a gente levava pra casa e o sistema era esse. O transporte era bonde, bonde pra Penha, pra Jacarepaguá, bonde para
Zona Sul. O transporte ainda era esse e tinha ônibus
também, que transportava o pessoal e, mais
tarde, a lotação. O pessoal chamava de lotação, que tinha uma possibilidade
pequena de transporte de passageiro. Não transportava ninguém em pé. [...]
Leia essa e outras histórias no livro
Mulheres Incríveis 3ª ed. – Editora Nandyala, autora: Elaine Marcelina
2 comentários:
Bom dia! Meu nome é Ana Paula e sou sobrinha da tia Clélia. Já algum tempo temos procurado por ela, perguntado por ela para alguns parentes e ninguém sabe, fui sem pretensões procurar no Google e acabei achando seu blog e a foto da minha tia dizendo in memória. Vc pode me dizer o que aconteceu? Não estamos sabendo de nada, estou querendo dar um pulinho aonde ela mora para vê se tem alguém lá . Muito obrigada desde já!
Boa tarde, me desculpe a demora em responder, a nossa querida Clelia faleceu a cerca de dois anos, desculpe dar essa notícia por aqui. segue meu tel. (21)9702-70198.
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