A ideia de ouvir mulheres veio de observar a luta da minha mãe para criar cinco filhos sendo doméstica, quando eu era criança, pensava em como minha mãe conseguia fazer tudo aquilo, e depois que cresci, fui entender o universo das mulheres e principalmente das mulheres negras, pois fui embalada por mulheres negras, ouço o assovio de minha avó natalina até hoje, ela já se foi, mas me marcou e sigo seus ensinamentos até hoje e foi assim que nasceu esse projeto.
quarta-feira, 20 de março de 2019
sexta-feira, 15 de março de 2019
Espantologia Poética: Marielle em nossas vozes
Eu conheci a Marielle, nos corredores da UERJ, no início de 2017, me recebeu com aquele sorriso largo e franco dela, nos abraçamos e ela disse para eu procura-lá, por conta do Projeto Mulheres Incríveis, infelizmente por conta de minha correria e deste trágico desfecho de uma vida pautada na luta das mulheres negras e do Direitos humanos, não deu tempo. E quando recebi o convite para escrever uma poesia em homenagem a ela eu havia acabado de ler uma matéria sobre os hábitos dela ao chegar ao gabinete, abraçar e cumprimentar todos, levava Arruda e acendia pau santo e foi o que escrevi, Cheiro de pau santo, para ao menos na memória eternizar os hábitos desta grande mulher, até hoje eu não tinha tido coragem de postar. Falar da Marielle, nos remete aos tempos sombrios e brutais que estamos vivendo, dói demais, são muitos sentimentos, que não cabe aqui. Força aos Pais e a família da Mari e resistência a todas nós mulheres negras. Elaine Marcelina #Mariellepresente
Cheiro de Pau santo, por: Elaine Marcelina
Cheiro de pau-santo
O cheiro de pau-santo marcava o lugar de trabalho.
Marcava uma crença.
Marcava a força da mulher que foi arrancada de nós
Sim, arrancada de nós, mulheres pretas, favelados...
O cheiro do pau-santo vai sumir da sala 903...
Mas fica na memória de quem a rodeava.
Como seguir sem Marielle?
Como rimar a falta com o amor que ela emitia?
Como abarcar em palavras aquele mar de mulher?
Tento, não desisto, resisto, e (re)-existo diante da arruda que ela dava aos seus
E (re)-existo no cheiro do pau-santo!
Isso! O cheiro da força que ela emitia ao falar, ao andar, ao enfrentar o mundo!
Há aquele sorriso largo, tão cheio de força! E tem que existir em nós.
Como? Começa do começo, levanta, sacode a poeira, passa a mão suavemente nas lágrimas que teimam em cair, passa na casa de erva e compra um pau-santo...
Isso, siga os passos da energia dela, para bloquear a dor, a dor da falta, da saída brusca de cena, do dia em que a noite não acabou...
A noite de 14/03 não acabou. E se pudéssemos, nunca existiria...
Mas com tudo o que queremos esquecer, ela existiu. Ela existiu e pode ser ressignificada por nós, mulheres pretas, que sabemos seguir, mesmo após as dores do mundo nos mutilarem...
Mesmo quando tentam nos paralisar, nos subalternizar...
O cheiro do pau-santo
E o da arruda podem ser nosso amuleto a partir de hoje.
Esse cheiro vai deixar, de fato:
Marielle, presente!
Elaine Marcelina
Rio de Janeiro, 23/3/2018
Rio de Janeiro, 23/3/2018
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