sexta-feira, 22 de abril de 2016

AS VÍSCERAS DA SOCIEDADE

AS VÍSCERAS DA SOCIEDADE
Hoje amanheci me perguntando se estamos prontos para ver as vísceras dessa sociedade. Vivemos uma vida tão superficial! Postamos nas redes sociais o que acabamos de comer, uma viagem, o pôr do sol, a família feliz do comercial de margarina, um sorriso largo; dizemos eu te amo a três por quatro, não esquecemos mais o aniversário de ninguém, porque o Facebook sempre nos avisa. É disso que estou falando: de ver a realidade, mas a realidade por detrás daquele prato bonito da foto, da selfie com a família, a viagem, que até pode ter sido a trabalho, mas a paisagem do caminho era linda...
Quem é que realmente sabe o fundo da verdade de tudo o que se coloca nas redes sociais? Quando penso nas vísceras da sociedade, penso nas minhas vísceras, nas nossas vísceras, pois nós que compomos essa sociedade, somos nós  que alimentamos as redes sociais, nós que damos ibope para as redes de TV, nós é que enchemos o supermercado Guanabara a cada aniversário e nós mesmos postamos fotos e charges do tumulto no “aniversário do Guanabara”.
Então, por isso, estou há dias com essa reflexão “martelando minha cabeça”, como diz uma amiga minha. Até que ponto sei como estou por dentro? Até que ponto minhas atitudes são saudáveis? Até que ponto estou tão doente como a maioria da população e não me dou conta disso?
Estas são as questões a serem pensadas hoje; questões a serem digeridas, assumidas e expurgadas, pois precisamos nos livrar dessa inflamação da alma, dessa doença invisível, que sabemos que temos, mas não assumimos; dessa dor que sentimos e não damos conta de imaginar de onde ela vem, onde está o fio da meada. E se não buscamos a origem de nossas dores, vamos deixando piorar até o ponto de, no momento em que abrimos nossas vísceras, talvez não dê mais tempo de curar as mazelas, de extirpar os tumores...
É assim que vejo o caminhar dessa sociedade da qual faço parte; não damos conta de saber a quantas andam as nossas vísceras, não suportamos ver, sentir, pegar, cheirar, porque nos sufoca saber o tamanho da infecção. Não suportamos pensar que, para caminharmos em busca da cura, teremos que nos unir, já que a união faz a força, e que juntos poderemos evocar um grande mantra de cura e libertação. Então, basta ter coragem para enxergar nossas vísceras para saber nossa real condição, se ainda temos jeito...
Creio que sim, creio que ainda há tempo, sempre há.

Elaine Marcelina

Rio, 8/4/2016.

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