GÊNERO E CIDADANIA
Dia
desses peguei um ônibus lotado, o motorista nervoso, enfim até agora nada de
novo, aí um bairro depois, na Vila Kenedy, entrou uma mulher na cadeira de
rodas, este foi o exemplo de humanidade, cidadania e tudo o mais, que vi nos últimos
meses, porque o loca do ônibus que suspende a cadeira não funcionava, foi
quando dois homens que vendiam refrigerante ali naquele ponto, largaram seus
afazeres e se doaram para o outro, no caso a outra, uma desconhecida, eles
pediram licença e entraram com a moça no ônibus, ouve um grande burburinho,
pois haviam várias pessoas no lugar da cadeirante, uns foram saindo, outros
sendo empurrados e no meio do tumulto um homem reclamou, foi quando um dos
camelôs ficou nervoso, perguntando “quem esta reclamando o que aí? E o outro,
muito calmo, “deixa pra lá, vamos esperar, temos o dia todo, não temos pressa”.
Gente eu estava ali vendo aquela cena querendo agora não mais uma câmera
fotográfica, mais uma de vídeo, pois toda aquela mobilização, merecia ser vista
por muitos, pois precisamos mostrar que ainda existe amor entre as pessoas,
solidariedade, cidadania. O ônibus seguiu aos trancos e barrancos, com o
motorista estressado e todos nós a bordo querendo chegar ao nosso destino e por
falar em destino, chegou o local de destino da moça em questão e foi aí que
continuou minha observação, apareceram outros dois homens para desce-la do
ônibus e ela seguiu seu caminho na cadeira de rodas que não a limitou em
momento algum, limitaria muita gente, mas ela não. Vi nela uma dessas mulheres
incríveis que tanto procuro, estudo, analiso e investigo, em seu semblante
nenhum sinal de dor ou tristeza, apenas seguiu, como qualquer um de nó até seu
destino. Aproveito para parabenizar, felicitar todas as mulheres que de alguma
forma ultrapassaram seus limites, quebraram as barreiras e vivem a vida,
contemplando sua existência sem desistir de nada.
Elaine
Marcelina
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