terça-feira, 19 de maio de 2009

MILITÂNCIA POLÍTICA

No contexto da efervescência política e cultural vivida no Brasil às décadas de 60 e 70, contra o regimento militar as mulheres militantes nas organizações clandestina de esquerda.
As mulheres militantes buscam a construção de uma sociedade mais justa.
Patrícia Galvão, Pagu sociólogo inicio sua militância no movimento estudantil secundarista no colégio estadual Recife. Aos 18 anos, após sua prisão, ingressou na Ação Popular “por compreender que era necessário lutar por um mundo diferente”. E afirma: “eu entrei na militância política por convicção. Aos 17 anos eu já tinha uma convicção do mundo, uma filosofia de vida. Eu li Politzer aos 14 anos, Sartre e todos os grandes filósofos daquela época”.
Maria aparecida, 78 anos, militante do Partido dos trabalhadores, inicio sua militância política, na igreja católica de São José operário em Realengo, no Rio de Janeiro, após ajudou a construir o Partido dos trabalhadores “por ver em Jesus Cristo o maior político que já existiu. È o meu guru naturalmente como político. Percebi que não bastava só rezar, que não seria só simplesmente dizer: “Ah, meu Deus! E pedir. [...] foi a partir daí que fundamos a Pastoral do Trabalhador, isso foi em setenta e poucos.
E afirma:
“Pra que você se apaixone pela política, pra ser militante, há necessidade deste papo, desta conversa, nós mulheres trabalhamos muito esta questão. Vamos nos reunir, vamos conversar, [...] comece a pensar nestas coisas. Nós fazemos aqui formação política.”

Luiza Dantas, diretora de finanças do SINTSAUDERJ, inicia sua militância em seu bairro, na cidade de Nova Iguaçu no Rio de Janeiro “Eu não fui do movimento estudantil e sim do movimento de bairros”.
E afirma:
“Não fui da direção do MAB (Movimento de Associação de Bairros), mas conheço a história. O movimento de bairros de Nova Iguaçu era muito intenso, e aí no MAB as pessoas tinham a responsabilidade de organizar a associação de moradores. [...] Em 80 estava grávida e tive que largar o movimento, porque o DOPS era muito forte e o 1º contato com a repressão foi nesse período, na organização do conjunto, éramos todos moradores do mesmo conjunto, meu amigo disse que teria que fugir porque havia agente do DOPS atrás da gente. Eu não entendi nada, mas foi por causa dos panfletos da organização da associação de moradores. [...] em 83, tinha 23 anos e ainda era forte a repressão, quando me acusaram de ser da PPL, era uma organização de extrema esquerda comunista e junto com o PC do B, tentava fazer uma luta armada, nunca dei importância, mas eu não era da PPL. Comecei a gostar muito disso, não era filiada a partido nenhum. O meu amigo, que descobriu sobre o DOPS e eu organizamos o PC do B em Nova Iguaçu.”.

Houve uma ruptura política entre a família e as mulheres militantes, principal mente pelas condições de clandestinidade em que se desenvolvia a atividade de política, entretanto algumas conseguiram.
Luiza Dantas e Maria Aparecida relatam como organizaram sua vida política junto com a família.
“Tento harmonizar o meu tempo de forma que a mulher, a mãe e a sindicalista possam coexistir sem que nenhuma seja prejudicada, preciso e devo ser um todo e não partes, [...] Tenho uma frieza muito grande, que posso sair daqui com muitos problemas, porém chego a casa e brinco muito com minha neta, tenho muita gente perto de mim que me ajuda, eu paro faço reflexão, não sou religiosa, mas paro para ouvir meu coração, passei por duas cirurgias e quando parei é que descobri quanta coisa faço, qualquer um pararia, eu não parei, de forma geral, quando você coloca isso como meta de vida tudo parece se tornar mais fácil”. (Luiza Dantas/ SINTSAUDERJ)

“Naquela época, eu trabalhava como empregada doméstica, tinha cinco filhos, como tenho até hoje, só que na ocasião eram menores, eu tinha um marido e cumpria todas essa tarefas, como até hoje eu cumpro, hoje eu sou dona de casa , meus filhos já estão criados, estou com uma filha agora operada, mas eu trabalho no Centro de Formação Profissional Padre Rafael, como voluntária , verdadeiramente, eu assumo a igreja também, eu assumo a comunidade, estamos trabalhando aqui um projeto de desenvolvimento local, você vê como agente consegue se dividir como mulher e tendo consciência da nossa responsabilidade na formação deste mundo, eu posso te dizer que nós já somos vitoriosas, após eleger, aquele trabalhador, aquele cara, aquele operário, isso você não pode esquecer nunca, isto tem que estar em todos os lugares, após eleger aquele homem que diziam que era incompetente e que hoje nós vemos a transformação da América Latina, tem que se perceber e nós sabemos o respeito que se tem por Luis Inácio Lula da Silva, o respeito que se tem pelo Brasil lá fora e nós mulheres somos responsáveis por isso tudo”. (Maria Aparecida Carvalho Lima/ PT-RJ)


A participação das mães na luta contra repressão, se constitui um fato político importante, pois na defesa da vida de seus filhos as mães tornam-se militantes aguerridas, sem limites desta forma são temida pela repressão, ate porque, uma mãe figura que expressa uma instituição universal na cultural ocidental e cristã.
As mulheres assumiram a condição de militantes das organização de esquerda pela convicção política e não somente pelo fato de serem mulheres.
Poucas mulheres ocupavam postos de direção nas organizações de esquerda.
A condição da mulher não tinha relevância na vida das reorganizações de esquerda. Somente após o final dos anos 70, com a reorganização da esquerda brasileira, a questão da mulher passa a ser debatida.
As organizações eram espaços masculinos, onde as mulheres se colocavam como militante, diluindo as relações de gêneros na luta política mais geral. Os homens militantes tinham posições diferenciadas, pois viam as militantes também como mulheres.
A repressão, através de seus documentos oficiais, DOPS, SOPS e secretarias de segurança, estabelecem que a mulher militante nos partidos de esquerda, e uma mulher-objeto, sem vontade própria, que milita nos partidos de oposição ao regimento militar por influência de homens, pais, irmãos e amantes, as julgando como “subversivas”, afirmando que as mulheres estão ousando num mundo que não é seu, o campo político.
A repressão tenta caracteriza a militante como “puta comunista”, no intuito de desconstrução do sujeito Político feminino.
A mulher na tentativa de ocupa o espaço político masculino não é bem vista pela sociedade. As organizações de esquerda também reproduzem o discurso dominante de que o pode político e masculino, os discurso de gêneros são considerados divisionistas, discurso este que e também seguido pela sociedade.
Neste cenário sexista que a discussões e organizações de mulheres surge, reage, luta e conquista seu espaço.
Elaine Marcelina












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